quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Comentários sobre as polêmicas que a mídia cria em torno do ensino de Língua Portuguesa

1 - Sobre a "eliminação" da Literatura Portuguesa do Currículo Escolar

Ver: http://portalempauta.com.br/2016/02/21/ministerio-da-educacao-estuda-eliminar-literatura-portuguesa-do-curriculo-das-escolas/

Como professora de Língua Portuguesa do Ensino Médio, entendo que essa "eliminação" não significa que não possamos trabalhar com textos de Camões, Pessoa, Eça... A verdade é que não damos conta de ensinar uma Literatura tão suprema para quem ainda não se tornou realmente letrado. Entendo que a tentativa do Ministério de Educação é que deixemos de ser conteudistas e nos preocupemos mais com o desenvolvimento das habilidade e competências dos alunos, que desenvolvamos a proficiência em leitura e escrita desses meninos. Se não for assim, trabalhar com Literatura Portuguesa do século XII, XVII etc..., será como tentar convencer as pessoas a assistirem filmes em preto e branco: só funciona com apreciadores. Alunos com hábito de leitura na escola são raros, se começarmos com os textos mais difíceis, talvez não avancemos nada, se trabalharmos mais com obras modernas, na variedade de prestígio da língua, os resultados certamente virão mais facilmente. Minha opinião.
2 - Sobre a troca do certo X errado pelo adequado X inadequado no uso social da língua

Ver: https://www.youtube.com/watch?v=kRdrDLrr_fM

Quando se fala em adequação e inadequação em Língua Portuguesa, estamos reconhecendo que existe variação no uso da linguagem falada, conforme a situação comunicativa, da mesma maneira que existe um padrão para o que vestimos de acordo com a ocasião (gala para formaturas, biquíni para a praia...). Na linguagem escrita não há variação, com exceção do internetês que admite abreviações, por exemplo. Isso não quer dizer que o professor deve deixar de priorizar o ensino da variedade de prestígio, isso é apenas um reconhecimento da diversidade linguística que existe e é fato. Acredito que as pessoas que estão fora da discussão acadêmica dos linguistas, tratam com radicalismo quando ouvem uma informação assim. Eu concordo em muita coisa com o Alexandre Garcia e não vi especificamente esse livro didático, mas acredito que pode haver certo exagero maldoso nessa notícia. Qualquer estudioso da minha área, sabe que ninguém está liberando os alunos para escrever "errado".