quinta-feira, 14 de abril de 2016

Olimpíada de Língua Portuguesa Crônicas 2014

O real objetivo para eu ter criado este blog foi ter um espaço para divulgar os trabalhos dos meus alunos, principalmente as produções de texto. Assim, cumprindo esse objetivo, posto aqui as melhores crônicas que os meus alunos produziram para a Olimpíada de Língua Portuguesa de 2014. Este ano tem mais!

Alunos autores:
1ªM03: Flaviane, Gabriel, Jackson, Luzia
1ªM04: Tainá, Wanderson, Beatriz, Matheus

UM LUGAR DO BARULHO
Onde eu vivo não tem shopping, não tem pizzaria, não tem funerária, também não tem hospital. Nossa! Aqui não tem nada também! Mas aqui tem uma coisa chamada cerâmica. 
A cerâmica é um lugar onde se produz telha, lajota e várias outras coisas. Meus pais trabalham nessa cerâmica, sabia? Ela é gigante.
Quando chega a noite, nosso vizinho liga um negócio chamado gerador de energia, que fica na cerâmica e serve para gerar energia e economizá-la. Você acredita que esse negócio barulhento fica perto da minha casa? Pensa em um negócio que faz um barulho assustador! Parece que tem uns dez caminhões fantasmas ligados. É meio assustador, mas eu já me acostumei, porém antes não era assim não.
Quando eu vim para cá, morar aqui perto da cerâmica não era bem assim não, eu tomava cada susto! Uma noite eu estava lendo um livro, viajando na leitura, quando meu vizinho foi e ligou aquele negócio. Meu Deus! Caí da cama! Quase morri do coração! Depois desse dia eu fiquei mais alerta para não tomar outro susto desses.
Esse é o lugar onde eu vivo meio barulhento, mas devagarzinho, você se acostuma. 

UM LUGAR BOM DE SE MORAR
Para falar a verdade não sei nem o que escrever, posso falar sobre a bipolaridade que é o clima desta cidade ou da insatisfação da população com isso: se está quente demais o povo reclama, se está frio o povo reclama, se não chove, o povo reclama e se chove adivinha o que o povo faz? Isso mesmo, reclama!
Isso deve ser mau de colatinense, porque eu também sou assim. Mas a questão é que nunca há um meio termo no clima desta cidade: ou está muito frio, ou está muito quente. Deve ser por isso que o povo reclama. Mas, enfim, a questão é que o povo adora reclamar.
O fato de Colatina ser um buraco também não ajuda muito a calar a boca da população. Porque, sabe, é morro do lado de morro e a maioria dá no centro, e para quem mora do outro lado? Vai ter de depender do transporte público, porque vaga para estacionar, ah, eu duvido que acha, tirando o fato da "viagem" que tem de se fazer pela segunda ponte. Haja paciência para o colatinense!
Nossa, eu vou parar de reclama, prometo!
Ah, já falei da minha rua? Pois então, dizem que é um ótimo lugar para se morar, tranquila, com bons vizinhos e tem até um mercadinho perto e, realmente, eu não tenho o que reclamar sobre isso.
Bom, apesar do clima nunca estar de acordo, o trânsito ser insuportável, não haver vagas para se estacionar quando você mais precisa, de ter muito morro e a língua do povo ser maior que a vontade de se fazer algo para melhorar tudo isso, Colatina é um bom lugar para se morar. 

O FEIO
Todos os dias, acordo com um latido me chamando: é o Feio, um cachorro de rua querendo comida.
Ele é um cachorro muito, muito feio, daí o nome, mas é legal. Feio é o nosso cão de guarda da rua, enquanto todos não chegarem a suas casas, ele não sai da esquina, e eu, como sou o último a chegar, sou acompanhado por Feio até a porta de casa. Feio não vai dormir enquanto eu não apago a luz.
Feio é um verdadeiro companheiro, se passa alguém na rua que a gente não conhece, ele late até a pessoa ir embora e todos nós já sabemos que tem estranho na rua.
Quando minha avó morreu, Feio reuniu todos os cachorros da rua e foi para a porta da funerária e enquanto o corpo não saiu, ele também não arredou a pata. Quando o corpo foi liberado, ele acompanhou até o portão do cemitério. Eu sei que isso parece cena de filme quando conto, mas é verdade, pois minha avó que tratava dele.
Feio é um verdadeiro amigo e fico pensando quando ele se for para o “céu dos cães”, com certeza todos vamos ficar tristes, pois Feio não é meu, nem de ninguém, é de todos. Eu sei que ele é enjoado, feio etc., mas mesmo assim eu gosto dele e quando ele morrer eu garanto: vou fazer um funeral digno de rei e na lápide escreverei “aqui jaz Feio,o rei da rua”.
Bem, esta é mais uma das histórias da minha rua ou do meu “pedacinho do céu” que eu não troco por nada. 

SOL
Tenho mil coisas para falar, pontos bons de um lugar ótimo de se morar, mas quero falar de algo que gosto de observar, "o pôr do sol". Ah! O pôr do sol... Nunca vi algo mais radiante. Um Sol que ilumina de norte a sul, que aquece o coração dos mais solitários, que enche os olhos, que faz respirarmos mais fundo e não querer deixar de observar tal grandeza.
De qualquer lugar que estiver, poderá observá-lo e ficará hipnotizado com aqueles raios solares, que mais parecem cabelos loiros de uma bela moça, jogados entre o imenso céu azul que mais parece um oceano sem fim, que te permite mergulhar na profundidade da beleza estonteante e te deixa fascinado.
Mas uma hora ele se põe e não há problema, não! Uma coisa que as pessoas têm certeza, é que no dia seguinte irá voltar e cada vez mais lindo e hipnotizante.
Essa maravilhosa paisagem é a razão de acordamos, mesmo tristes. Nos faz sorrir abobadamente, por tanta suavidade e ternura.
Somos todos os dias privilegiados de abrir os olhos e ver o segundo pôr do sol mais belo do mundo. Mas esse pôr do sol só tem em um lugar: Colatina.

AS FOFOQUEIRAS
Onde eu moro, o diferencial é a obrigatoriedade de um caixão extra para sepultar as línguas na hora da morte! Nunca vi um lugar ter tanta gente fofoqueira! Hoje mesmo, quando eu saí de casa, uma velha se estrebuchou no chão na frente do meu portão e, de repente, três mulheres fofoqueiras que estavam caminhando começaram a falar que eu empurrei a pobre velhinha. Eu fiquei tentando me explicar para as fofoqueiras, falei que a velhinha tropeçou e caiu sozinha, mas as três nem me deram ouvidos a mim e continuaram a caminhar. 
Ao chegar da escola, as três fofoqueiras já tinham espalhado para o bairro inteiro que eu tinha empurrado a velhinha. Oh , tédio! 
No outro dia a fofoca tinha chegado ao ouvido do padre, que eu havia empurrado a velhinha. Pois, pasmem! Quando cheguei à catequese o padre teve a coragem de me chamar em sua sala e perguntar! Eu expliquei tudo ao padre, que eu não derrubei a velhinha, que ela caiu sozinha na frente do meu portão.
Mas na noite da missa o padre começou a falar “estão maltratando as velhinhas do bairro” e teve a ousadia de olhar para mim. Que padre fofoqueiro!
Mas a vida é tão justa que bem na hora que todos olhavam para mim, julgando que eu era um espancador de velhinhas, o padre engasgou com a água que uma velhinha da igreja tinha acabado de servir e foi o maior bafão! O padre morreu e todos ficaram de boca aberta.
Em seu velório percebi que havia dois caixões, daí fiquei pensando que bem que podia ser um para o corpo e outro para a língua do padre. Aquilo sim era um padre fofoqueiro! 

A MENINA BEM HUMORADA
Ai... O lugar onde eu vivo é muito, mais muito bacana! Tem mato, galinha, porco e muitos outros animais.
Sabe, muitas vezes, me sinto sozinha, sem ninguém para conversar. A única vantagem são as redes sociais em que passo a metade do dia conectada. Sempre vejo as minhas amigas tirando fotos, postando em lugares muito bonitos, com muitas pessoas e onde eu tiro essas fotos? No mato, junto com as galinhas, uai? Só se for!
Tenho uma amiga aqui, mas ela mora tão perto, mais tão perto, que para chegar lá, vou em um dia e chego na casa dela no outro.
Acho que não mereço isso, né?
Outra coisa que me deixa muito animada é quando eu estou sentada no sofá, no Facebook que a minha mãe grita!
- Menina, sai do Face e vai trabalhar!
Nossa, se eu pudesse contrataria uma empregada, só para ter a bondade de dividir o prazer que é limpar casa...
Mas assim vou levando a vida com o sorriso no rosto, mesmo que seja para tratar das galinhas e dos porcos daqui.
Pronto, resolvi! Essa é minha vida e nunca posso reclamar.
Sempre que vocês lerem essa crônica, lembrem-se de que é daquela garota que mesmo morando na roça, cuidando das amigas dela – que são as galinhas e as porcas – enfim, mesmo com tudo isso, ela é muito feliz e nunca perderá o seu humor especial, que só ela tem.

MANIA DE R
O lugar onde moro é no interior do estado do ES, chama-se Santo Antonio do Mutum. Está situado entre os municípios de São Roque do Canaã e Colatina e foi colonizado por italianos, tanto que sei falar italiano, em um dialeto muito antigo, mas sei.
Quando o povo veio para o Brasil falava-se italiano, mas como estavam aqui foram obrigados a falarem a língua local, ou seja, o português, e com isso ficou o sotaque: uns pondo R demais nas palavras e outros pondo R de menos. 
Minha avó, por exemplo, fala “ cachoRo”, “caRo”, “teRa”, “baRanco” tudo com R de menos, e meu vizinho, além de falar, às vezes, escreve tudo com R demais, tipo “RRato” , “caRRamelo”,”caRRambola”. Mas por que eles falam assim? É que o sotaque italiano às vezes puxa R demais e R de menos nas palavras. 
Teve outro vizinho meu que por ter essa mania de R foi comprar um carro e pediu um caRo, e daí o vendedor não entedia nada do que ele dizia, e pensava que ele queria o carro mais caro da loja, e ficaram nessa confusão por meia hora, até que o vendedor entendeu o que ele queria um carro e não o carro mais caro e, por isso, quase ele fica no prejuízo.
E assim é onde eu vivo, cheio de manias de R, mas, mesmo assim, eu amo meu lugar.

PERTURBADO
Por aqui tem quase tudo: existem rios, lagos muitas frutas, animais e até uma ceramicazinha. Só tem um perturbado que não gosta de mim, só vive me azucrinando e implicando comigo, ele é meio estranho, sei lá... 
Parece que ele me segue em todos os lugares que vou. Nossa! É muito perturbado! Se estou na sala ele está, na cozinha, no quarto e até no banheiro o danado está também.
Só me sinto aliviada quando vou para a cidade, ali sim me sinto feliz. Já fico preocupada quando estou indo embora, já penso que ele vai me esperar na porta do carro.
Você quer ver quando cai a noite, na hora que vou dormir, ele me cutuca, fica fazendo aquele sussurro irritante até! Aí, eu não aguento mais! Quando ele me machuca, fico furiosa, ligo dois ventiladores para ver se ele vai embora e pelo jeito ele não gosta de vento, ama calor. Quer saber quem é o danado? É o perturbado do borrachudo!!




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